terça-feira, 30 de setembro de 2008

Maldita internet!













Somente agora tive acesso a um material que teria feito minha vida um pouco diferente há uns 15, 16 anos e, fatalmente, hoje seria outro o destino.
Falo do áudio do primeiro show de uma banda chamada "Engenheiros do Hawaii", que era apenas uma brincadeira para a formatura da turma de arquitetura da UFRS de 1985. Logo em seguida, ouvi a demo do que viria a ser o disco "Longe Demais das Capitais". Nossa! simplérrimo!!! Aí eu fico pensando: as primeiras são assim mesmo.. não tem que ficar nessa neura que tenho de compor uma obra prima logo de cara.. tem que brincar mesmo.. Depis ouvi a demo da "Revolta dos Dândis", com Sweet Gardênia e tudo. Por último, a demo do de um dos discos que mais ouvi, o "Gessinger, Licks e Maltz". A banda então já ocupava o mainstream do rock nacional e, no entanto, as músicas nasceram da forma mais simples possível.
Preciso reunir uns amigos pra ouvir esse negócio. Rodrigo Manhães, Gileno, Vítor... respondam!!! Urgente!!!!

domingo, 28 de setembro de 2008

Dos Hermanos

Mais um disco, só que esse nem chega a sê-lo. Não tem suporte tátil. O “disco” é um site, com projeto gráfico, letras, release, ficha técnica e as mp3 para baixar. Maravilhoso!
Desde a turbulenta saída do guitarrista Augusto Licks em 1993, e do baterista e fundador da banda Carlos Maltz em 1996 que os Engenheiros do Hawaii se tornaram uma banda de um homem só, com pelo menos umas cinco formações diferentes tendo sempre Humberto Gessinger à frente. Afastados da mídia (mas nunca abandonados pelos fãs), retornaram às rádios e TVs com o Acústico MTV (2004), realizando a mais longa turnê da carreira (cerca de 3 anos), que foi se alterando a cada show e provocando mais um registro ao vivo, desta vez sem o selo da MTV, o disco/DVD “Novos Horizontes”.
Em julho de 2008, o próprio Humberto anunciava no site da banda que os Engenheiros do Hawaii sairiam da estrada por um tempo. Mais uma briga interna? Talvez, mas o lado positivo foi o encontro com o guitarrista da banda gaúcha Cidadão Quem, o Duca Leindecker, que acabou proporcionando o projeto “Pouca Vogal”.
Em 1992 Gessinger dizia que ser gaúcho era isso: “muita consoante e pouca vogal”. A solidão dos pampas, o jeito introspectivo de ser brasileiro, sem swing, sem vogal, mas sim o som fechado das consoantes, presentes nos sobrenomes dos imigrantes.
Pra nossa surpresa, depois de tantos anos é retomado exatamente esse aspecto dos gaúchos. Parece que foi preciso estar fora dos Engenheiros do Hawaii pra voltar a ser os Engenheiros do Hawaii. Citações de auto referência, como essa de dizer nas músicas o que havia sido dito numa entrevista de tanto tempo atrás, podem ser encontradas na faixa que dá nome ao disco. “Pouca Vogal” é uma canção que necessita de um glossário portoalegrense para entendermos o que significa, por exemplo, a expressão “tudo allesblau” [“tudo azul”, que deve ser: all = tudo (inglês); és = é (espanhol); blau = azul (alemão)], fruto da convergência das correntes migratórias que o sul recebeu ao longo da história, e a própria proximidade com a América Espanhola. Lembra a regravação de “Herdeiro da Pampa Pobre”, do Gaúcho da Fronteira, presente num disco dos tempos áureos, o “Várias Variáveis”, que trazia a faixa “Piano Bar”, citada justamente em “Pouca Vogal”, em seu refrão: “No táxi que me trouxe até aqui / cantavam dois irmãos / tchau astral estranho deu pra ti / vou pegar o avião”. Vão aí uma referência a dupla Clayton e Cledir e ao período em que o Gessinger viveu no Rio de Janeiro, no auge de sua banda.
Além desta faixa, existem também “Pra quem gosta de nós”, repleta de gauchismo (e muito gauche), “O vôo do besouro”, “depois da curva”, entre outras.
Outro fato interessante, que também remonta os primórdios dos Engenheiros é a engenhosidade na execução das músicas. Nos tempos de trio era preciso muita habilidade para preencher as músicas, como tocar teclados com os pés, disparar samplers, etc. No Pouca Vogal, Humberto Gessinger ressuscita o seu midi pedalboard, além de alternar entre violões (nylon, aço 6 e 12), viola caipira, baixo e teclados, enquanto o Leindecker ataca de guitarras bem sensíveis e precisas, violões e percussão, além de mandar muito bem no Pro Tools, mixando o disco.
O resto é com vocês. Ouçam e comentem. Eu estou muito feliz por sentir novamente um pouco do que sentia na minha adolescência.

sábado, 27 de setembro de 2008

Filho único

Antes de falar diretamente do disco, gostaria de salientar que, o fato de estar totalmente disponível para download grátis na internet vem nos mostrar que música de qualidade não precisa de gravadora. O bom artista não precisa de jabá, pois sua música não é nenhum purgante que precisa ser enfiado goela abaixo das pessoas.

O disco “sou”, de Marcelo Camelo, embora não pareça, tem de tudo: desde o fim de tarde na beira do mar, em “Doce Solidão” ou com as guitarras limpinhas e a bateria jazzística de “Téo e a Gaivota”, passando pelas batidas de marchinha em “Tudo Passa” e “Copacabana”, pelos violões quase-eruditos de “Passeando” e “Saudade”, o Folk em “Janta”, que conta com a participação da mocinha promovida pela MTV, Mallu Magalhães, passando por uma coisa meio Caetano Veloso dos tempos de Araçá Azul e Livro, com batidas viradas de caixa, guitarrinhas soladas, e falsetes em “Vida Doce”, chegando até a “Menina Bordada”, que pode muito bem tocar num trio elétrico do carnaval da Bahia, no estilo Timbalada.

Está achando estranhos estes comentários? É mesmo de se estranhar, porque podemos ouvir o disco inteiro e não encontrar nada disso, já que ao mesmo tempo está tudo numa mesma linha sussurrada, de uma voz que acabou de acordar. Quem não tem muita paciência sente vontade de oferecer um prato de feijão ao moço-velho-moço.

Porém, não é nada simples compor um disco que pode tocar no trio elétrico da Ivete Sangalo e “animar” um carnaval de velhinhos num hotel-fazenda em Raposo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Discos novos!!!

Desde que me entendo por gente, esse entendimento tem a ver com música. A minha adolescência foi marcada por longas conversas com amigos sobre os discos do ano. Estávamos sempre atentos ao calendário dos lançamentos: disco da Legião de dois em dois anos, disco dos Engenheiros sempre sendo gravado por volta de junho, julho, chegando às lojas para o natal, todo ano. Corria pra ser o primeiro da cidade a comprar, ouvir, volume alto, trancado no quarto, lendo as letras com atenção, lendo a ficha técnica, olho nas manhas de gravação, quem tocou o quê, as vozes... digerir, depois ler as críticas na Bizz...
De uns tempos pra cá isso perdeu a força. O MP3 possibilitou revisitar coisas do passado, festival de anos oitenta, aquilo tudo que havia se perdido com as fitas k7, listas para churrasco, faxina de sábado, correção de prova, mp3 player... Possibilitou também o desapego ao disco como objeto. Nada de encarte, letras o fichas técnicas... nada de Bizz, nada de conversa sobre os discos. Enfim, nada de disco.
Veio o DVD e ouvir apenas ficou pouco, é preciso também ver.
Com isso, os últios discos que comprei foram de artistas que gosto muito: o acústico dos Engenheiros (2004) e o Los Hermanos 4 (2004).
Passados 4 anos sem muitas novidades, sem discos novos, acabam de sair 3 discos quentinhos do "pro tools": Marcelo Camelo "Sou" (nós); Humberto Gessinger e Duca Leindecker "Pouca Vogal" e Lenine "Labiata". Os três de vez, assim, uma avalanche de informações!!!! Isso dá uma renovada e tanto! É como encher o tanque de combustível.
Logo, logo ponho mais informações por aqui.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A academia e as políticas públicas: planejamento, fundos de pesquisa e ignorância

Realizou-se hoje o seminário "Política, Eleições e Soluções para Campos dos Goytacazes", organizado pelos professores Hamilton garcia e Wânia Amelia Mesquita, da UENF.

O primeiro tema debatido foi o da agricultura. Segundo Frederico Veiga (Cooplanta), existe um grande distanciamento entre os produtores locais e o instrumental técnico oferecido pela academia.

Os recursos municipais também estariam aquém da necessidade, já que apenas 2% do orçamento municipal são destinados a agricultura. Seria preciso então a criação de um fundo municipal de pesquisas, além da ampliação do FUNDECAM.

O professor Paulo Marcelo (UENF) ressaltou a importância da cana-de-açúcar, assinalando que nossa produção não é competitiva, pois a região apresenta alguns problemas de baixa produtividade, relacionados a fatores naturais como secas prolongadas, déficits hídricos e, sobretudo, o baixo emprego de tecnologia, insistindo-se na prática da queima da cana, o que além de degradar o solo, aumenta a emissão de CO2, entrando em contradição com as vantagens da produção de etanol como um combustível limpo. Além disso, a concentração fundiária é muito grande (0,8 no índice de Gini), e as pequenas propriedades não têm condições produzir.

Quanto a fruticultura, falta ainda experiência entre os produtores e uma maior estrutura produtiva, por se tratar de um setor recente.

O professor Roberto Moraes (CEFET) disse que o município passa por uma crise de planejamento, por exemplo, no caso da agricultura, que temos a mesma agenda há 20 anos. A ausência de planejamento impede que haja um controle social na implantação de políticas públicas. Os conselhos municipais são bastante limitados na possibilidade de intervenção pública. As instituições estão apartadas da sociedade real.

Conrado Aguiar Barreto, secretário municipal da indústria, comércio e turismo saiu em defesa do FUNDECAM, afirmando que o fundo está blindado em relação ao uso político, o que foi rebatido por José Luiz Vianna (UFF), que chamou a atenção para o fato de que poucas iniciativas do fundo foram bem-sucedidas, e várias empresas fecharam. José Luiz diz que desenvolvimento é “comida, diversão e arte”, ou seja, desenvolvimento é diferente de crescimento. A economia deve ter como centro o social, visto que ela é produção em também distribuição de renda, e nesse sentido, Campos possui pontos bastante vulneráveis: segundo estudos da UFF, Campos possui trinta mil famílias em situação de risco, atendidas pelo Bolsa Família; a cidade apresenta também um dos maiores índices de mortalidade de jovens; e em relação a agricultura, não dá pra se pensar em desenvolvimento à partir da produção monocultora do açúcar empregando técnicas ultrapassadas, pois “cortar cana não é trabalho de gente”, afirmou o professor. Portanto é necessário ver a situação dos assentados e da pequena agricultura familiar. Esta pesquisa foi encomendada a UFF pela própria prefeitura, porém o secretário não a conhecia.

José Luiz lembrou que estamos comemorando dez anos de orçamento milionário, e que pra pensar Campos, o novo gestor deverá considerar três aspectos fundamentais: o orçamento milionário; a inserção do município no mercado mundial como produtor de energia; a necessidade de uma infra-estrutura logística.

O professor Luciano D’Ângelo apresentou pesquisa realizada pela UCAM analisando os impactos dos royalties na educação em municípios do Norte Fluminense, com resultado nada satisfatório, apesar de o orçamento para a educação ter sido em torno de 178 milhões de reais (quase 13% do total).

Para a segunda rodada de debates, à tarde, compareceram apenas as candidatas Graciete Santana (PCB) e Odete Rocha (PCdoB), embora todos tenham sido convidados, segundo o organizador do evento, o professor Hamilton. A candidata Rosinha (PMDB) foi representada pelo jornalista Avelino Ferreira. Aristides Soffiati, falando sobre meio-ambiente, lembrou que a Lei Orgânica do município, de 1990, tem seu artigo sobre o meio-ambiente completamente ignorado, e que o conselho Municipal de Meio Ambiente está sujeito à política partidária.

As candidatas fizeram suas considerações sobre os temas levantados, respondendo a perguntas da platéia (que infelizmente contava com número reduzido de pessoas), e apresentando suas plataformas de governo. A professora Odete fez críticas ao caráter transitório das políticas de educação no município, altamente partidarizadas e preocupadas com índices. Cobrou também maior integração entre a academia e a aplicação urgente das políticas públicas, afirmando que o município precisa de propostas possíveis e não dos projetos faraônicos que são apresentados a todo instante.

O jornalista Avelino Ferreira representou a candidata Rosinha, afirmando que “quanto mais educado (o povo) pior”, porque os males causados pelo conhecimento são muito maiores que os benefícios, citando as guerras como exemplo. Afirmou ainda que os “pesquisadores e também os professores da rede estadual de educação (com seus quatrocentos e poucos reais de salário) são nossos funcionários, e são muito bem pagos pelo pouco que trabalham”.


Fotos: César Ferreira

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Políticas e soluções

Direto do site da UENF:

Seminário “Política e soluções para Campos”: candidatos poderão participar

O Seminário Política, Eleições e Soluções para Campos dos Goytacazes terá continuidade nesta quinta, 18/09, ao longo do dia, no Auditório do Hospital Veterinário da Uenf. O tema do dia será “Sociedade e Políticas Públicas”, com uma sessão pela manhã (das 9h às 12h) e outra à tarde (das 14h às 18h).

Na primeira sessão, a discussão vai girar em torno dos temas “Agricultura”, “Controle social e planejamento”, “Desenvolvimento” e “Educação”. Estão confirmadas as seguintes presenças: Conrado Aguiar (secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Campos), José Luís Vianna da Cruz (UFF), Paulo Marcelo de Souza (Uenf), Luciano D’Ângelo e Roberto Moraes (Cefet).

Na segunda sessão, à tarde, os temas serão “Ciência e Tecnologia”, “Controle Social”, “Sustentabilidade Ecológica” e “Sustentabilidade Econômica”. Estão confirmadas as presenças do reitor da Uenf, Almy Junior; Luís Aguiar (Fundação Rural de Campos); Arthur Soffiati (UFF) e Geraldo Coutinho (Firjan).

Todos os candidatos a prefeito ou vice-prefeito foram convidados para o Seminário. Na parte da manhã, eles terão a oportunidade de ouvir, mas à tarde atuarão como debatedores. Pelas regras estabelecidas, os candidatos (ou representantes previamente credenciados) que não estiverem presentes desde a primeira sessão terão suas intervenções reduzidas à metade do tempo disponível no final.

O seminário é uma realização da graduação em Ciências Sociais da Uenf, com a coordenação do professor Hamilton Garcia, que também será o moderador."


Espero que, de fato, os candidatos participem.