quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Verão em São João da Barra

Parabéns ao setor responsável pela programação cultural do verão da Prefeitura de São João da Barra. Tem até Gilberto Gil!!! Gostaria de destacar os seguintes shows:

03/01/10 * DOMINGO
Atafona (Novo Balneário)
18h30 – MARIA RITA

10/01/10 * DOMINGO
Atafona (Novo Balneário)
18h30– NANDO REIS

17/01/10 * DOMINGO
Atafona (Novo Balneário)
18h30 – FREJAT

31/01/10 * DOMINGO
Atafona (Novo Balneário)
18h30 – RITA LEE

07/02/10 * DOMINGO
Atafona (Novo Balneário)
18h30 – GILBERTO GIL

Fonte: www.ururau.com.br

Ainda bem que não é para sempre

A decoração de natal em Campos - RJ este ano traduziu com perfeição a estética do atual governo municipal. Em algumas praças da cidade a decoração natalina mais parece uma ressaca de carnaval, como se fosse a quarta-feira de cinzas, quando vemos espalhados pela cidade restos de fantasias, alegorias e carros alegóricos despedaçados. É isso que parece.
A praça do Liceu, um dos cartões postais de Campos, uma espécie de câmara do tempo que nos remete à virada do séc XIX para o XX, em cujos bancos li Machado de Assis, foi restaurada, coincidentemente, no governo (estadual) Garotinho. Foi um grande trabalho de restauração artística, o que difere muito de uma reforma pura e simplesmente, resgatando todos os aspectos originais não só do prédio da residência do Barão da Lagoa Dourada como também da praça, onde até mesmo os postes tiveram partes raspadas a bisturi, camada por camada de tinta, buscando a cor original; os bancos foram reformados com base em fotografias antigas; até mesmo a restauração do paisagismo foi cogitada à época, mas acabou não sendo viável.
Após a restauração a praça tornou-se um dos locais mais bonitos da cidade, serviu de cenário para os shows do projeto Jardim in Concert. Por lá pude assistir a shows de Jorge Mautner, Francis Hime, Sivuca, Carlos Malta e Lenine, Leo Gandelman, Pedro Luís e a Parede, entre tantos outros grandes nomes da MPB.
Ou seja, o que antes era um espaço cultural interessante, que iniciou um processo de formação e um público apreciador de um tipo de música popular mais reflexiva e menos mercadológica, agora foi envelopado pela estética cafona deste governo, que promove em demasia shows religiosos na praça S. Salvador (quando o poder público municipal é laico), com o interesse em ser artificial e eleitoralmente popular, esquecendo-se que a diversidade também vota.
Somos vítimas de um pensamento único, anti-científico, anti-crítica, pseudo-religioso que se aproveita do aspecto apaixonado e irracional das religiões para a manutenção do poder.
Além de tudo, há um caráter notadamente personalista na decoração. É possível notar, nos cantos da praça, pacotes gigantes de presente com uma também gigante rosa vermelha por cima, como se fosse uma alegoria de carnaval, porém fazendo referência direta à prefeita. A praça é do povo, e não da prefeita.
Peço desculpas por não ter ilustrado esse texto com fotos, mas, pra falar a verdade, não quis me dar ao trabalho de fotografar algo tão feio.
Feliz natal a todos, e vamos ver no que dá 2010.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Jeff Beck, Performing This Week... At the Ronnie Scott's

Jeff Beck é um guitarrista britânico, nascido em 1944, assim como Jimmy Page, um ano após o nascimento de Roger Waters e um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial.

Esses meninos que vieram ao mundo em meio aos maiores bombardeios aéreos da história, os "war babies" compõem uma geração que, através da arte, sobretudo a música, exprimem toda a leitura de mundo de um país em reconstrução (sobretudo na obra de Roger Waters e o Pink Floyd, especialmente o disco/filme "The Wall").
The Yardbyrds foi um dos maiores representantes do blues na Inglaterra, nos anos 1960. Para você ter uma idéia, o guitarrista da banda era o Eric Clapton, o "deus da guitarra" que, ao sair, passou o cargo para o Jeff Beck, que por sua vez tocou ao lado do jovem Jimmy Page, mais tarde guitarrista e figuraça do Led Zeppelin, sempre associado ao ocultismo e a todos os mitos que envolvem os grandes guitarristas.
Entre o deus e o diabo, Jeff Beck se manteve como um grande guitarrista, fiel ao seu contexto e influenciando o universo da guitarra. O DVD Performing This Week... Live at Ronnie Scott's composto em sua maior parte por músicas instrumentais, apresenta um guitarrista extremamente técnico, que não usa palheta e domina a técnica da alavanca como eu nunca tinha visto antes. É notória a influência que este guitarrista exerceu, por exemplo, sobre um dos grandes nomes da guitarra, também na Grã Bretanha, o Mark Knopfler[1], do Dire Straits, não só nos dedilhados, mas também nos efeitos de volume muito utilizados pelos dois.
O show é maravilhoso pelo clima confortável e intimista. Na platéia é possível ver figuras como Robert Plant e Jimmy Page. No palco, a impressionante e jovem baixista Tal Wilkenfeld e o excelente baterista Jason Rebello, além das participações de Josh Stone e Eric Clapton.
Imperdível!

sábado, 5 de dezembro de 2009

ENEM: Primeiro dia de provas

Hoje foi o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, que este ano vai além de um instrumento de avaliação do Ministério da Educação, tornando-se a prova de ingresso em várias universidades federais no país, ou pelo menos parte da seleção de algumas delas.
Essa não é a única transformação no "novo ENEM", na verdade, ao substituir o vestibular em instituições importantes como a UFRJ, que adotará a prova como primeira fase, o ENEM traz à tona a discussão sobre Competências e Habilidades, conteúdos significativos, eixos temáticos, etc, que não é novidade pois está no ar desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCN, mas que se mantém adormecido desde a década de 1990.
O professor geralmente pensa que esses assuntos, que são centrais na sua prática profissional, são "coisa de pedagogo". Pensa também que o que determina os caminhos da educação básica é o vestibular. Pois bem, agora está aí o ENEM, abalando essas certezas. E agora?
O dia de hoje foi marcado por muita ansiedade para muitos envolvidos nesse processo, alunos e professores.
Trabalhei na aplicação da prova, só pra ser um dos primeiros a ter acesso a ela. Na minha sala, fiz questão de cortar com a tesoura o envelope que lacrava as provas e exibir para os alunos.
Fiquei olhando para aquelas carinhas e pensando em quanto tempo eles estavam esperando por essa prova, quanta confusão depois de tudo o que já foi dito e vem sendo discutido e trabalhado pelas escolas ao longo deste ano tão conturbado, marcado pela gripe suína que alterou todos os calendários, e pelo adiamento da prova por conta do vazamento.
Foi bom também ver ali misturados aos adolescentes, adultos, alguns já maduros, utilizando o ENEM como forma de obter a conclusão do Ensino Médio. E não foi apenas essa a diversidade, mas também de ver uma maioria de alunos da escola pública se dedicando à prova.
Muitos participantes, ao final, reclamaram do pouco tempo para fazer uma prova tão grande, que exigia não apenas o conhecimento do conteúdo, mas a capacidade de análise e interpretação dos candidatos.
Hoje foram realizadas as provas de Ciências da Natureza e Suas Tecnologias e Ciências Humanas e Suas Tecnologias. No tocante a esta última área, gostaria de ressaltar que a prova de geografia esteve bem elaborada, pelo que pude ver. Explorando bem a capacidade dos alunos em leitura de mapas, gráficos e tabelas. Nada mais daquela prova de geografia onde se tinha que decorar dados, até porque esses são efêmeros... o que o cidadão precisa saber fazer é lidar com os dados, que podem ser consultados a qualquer momento.
A prova de história também trouxe avanços. Numa mesma questão, baseada num determinado tema, as alternativas abordavam períodos históricos diferentes, exigindo do aluno a capacidade de transitar entre diferentes períodos, fazendo as devidas análises e comparações. Apesar disso, ainda trouxe resquícios do conteudismo.
A primeira prova do ENEM, a que vazou, foi muito criticada por ter sido muito "fácil". Esse teria sido o motivo para que algumas universidades desistissem de adotá-lo como instrumento único de seleção, e trouxe um certo descrédito por parte dos alunos. Comparando com a prova de hoje, acho que há uma grande diferença, inclusive na dificuldade, que vai além do óbvio, mas que atende a necessidade de avaliar se o ensino médio está ensinando, e principalmente, se está ensinando o que um cidadão precisa saber.