quarta-feira, 18 de junho de 2008

Raposa Serra do Sol em Roraima

Volta a ser discutida a demarcação das terrs indígenas na reserva Raposa Serra do Sol. Os discursos são muito esclarecedores a respeito de como se vê a questão indígena no Brasil. Existe um discurso marginalizador do indígena, que separa os "brasileiros" dos "índios"; outro discurso é contaminado pela esquizofrenia norte-americana de temer alienígenas, estrangeiros, terroristas, comunistas e o bicho-papão; outro discurso, ainda pior, entende a questão da terra apenas pelo viés econômico-militar (algo que ainda sobrevive com força no Brasil, infelizmente), ou "geoestratégico", afirmando que os antropólogos não têm autoridade pra falar de demarcação indígena.
Reserva não é latifúndio. Embora os indígenas, para sobreviver, acabem explorando a terra de modo capitalista (o que é uma outra discussão, porque, se o não-índio pode, o índio também pode), a princípio a reserva tem outro significado, que passa por uma questão cultural de relação com a terra, com os elementos da natureza, com identidade, que uma visão "geo-não-sei-quê", fundiária ou militar, não vai entender nunca. A história dos indígenas no Brasil é marcada pela invasão, destruição, retrocesso civilizacional, devido a violência colonizadora; marcada pela ignorância e segregação. Na América Espanhola, com toda a violência do processo colonizador, os indígenas conseguem se organizar politicamente. No Brasil a exclusão é aviltante, e o fato de o índio possuir terras incomoda muita gente.
Para saber mais, leia aqui a entrevista do antropólogo Fernando Vianna

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