sexta-feira, 10 de julho de 2009

Crise no Senado?

Não aguento mais a crise no Senado.
Não aguento mais a falta de discurso da oposição.
Temos uma oposição que tem uma longa história de situação, mas que apaga toda essa história em seus discursos. Parece que o Brasil nasceu no governo Lula.
Não sei se sou um defensor do governo Lula, também não sei se dá pra ser defensor de algum Justificargoverno, pois política não é religião nem torcida de futebol, mas sei que o governo Lula é a melhor coisa que poderíamos ter no momento, e que tem resultados importantes.
Não aguento mais ver o senador Artur Virgílio como porta-voz de toda a lisura e honestidade, quase um santo que a tudo e a todos desafia... não aguento mais ver o senador Mão Santa com sua retórica debochada, forçosamente devorando os "s" dos plurais, fazendo questão de enfatizar seu acento de coronel nordestino. Não aguento mais a fala do senador Heráclito Fortes, do Aleluia, do Papaléo, do Álvaro Lins...
Vamos denunciar a corrupção no governo Lula? Vamos. E depois? Quais são seus planos de nação? Qual é o projeto do PSDB/DEM? Qual é o seu candidato?
Derrubar o Sarney resolve o problema? Lembremos que o Sarney foi eleito por esta oposição, que não queria o senador Tião Viana na presidência para que o PT não controlasse o senado federal.
Criar uma crise no Senado, criar mais uma CPI, não "limpa" o legislativo. Ao contrário, joga na opinião pública, na cova rasa da imprensa, a imagem negativa do legislativo... confunde a população, reforça o discurso, sobretudo entre os jovens, de que "político é tudo igual, político é tudo safado." E o pior, abre espaço para a descrença nas instituições democráticas.
Esse discurso de incapacidade do legislativo foi o terreno fértil para o discurso antiliberal que estourou no início do século XX, que podemos ver no jurista alemão Carl Schmitt, que abriu as portas para a ascenção do nazismo. Este discurso ressurge hoje na Europa, quando assistimos a um retorno da direita, com direito a parlamentares neo-nazistas e tudo.
Porém, não é este o caso por aqui. No contexto atual, vemos a direita brasileira perdida em meio à crise do neoliberalismo, e com vergonha de revelar o seu autoritarismo, justamente no momento em que o país reconstrói a sua democracia após uma longa história de ditaduras.
Enquanto isso cresce a popularidade do presidente Lula, a ministra Dilma tem afinado seu discurso, com grande desenvoltura e seriedade, em defesa do papel do Estado em garantir o bem-estar social, como na entrevista de ontem concedida à jornalista Cristina Lemos, no Brasília ao Vivo, da Record News.
Se a oposição quer derrubar o governo Lula, é preciso ir além dos escândalos e construir um discurso.

3 comentários:

Maycon Bezerra disse...

Meu caro amigo Rosselini, só não esqueça que não exite apenas a oposição de direita ao govero Lula, mais ainda, o dicurso de calar diante de todos os erros dos daqui em função de que os de lá são os verddeirs inimigos fez os estalinistas defenderem todos os crimes da direção soviética para se opor ao imperilismo ianque. Um abraço!

Rodrigo Rosselini disse...

Bem lembrado, companheiro. Defendo então que se construa uma oposição forte e consistente (sobretudo de esquerda, é claro), para que não aconteça a banalização do político, o que dificulta bastante o fortalecimento da democracia.
Um abraço, e obrigado pela visita.

Pedro Otávio disse...

Realmente a imprensa pinta a política com cores sombrias e dando idéia a minha geração de que "Político é tudo safado!", e, como conversamos, a "crise no senado" não começou agora, existe há um bom tempo e foi sendo alimentada aos poucos...