Uma das tradições louváveis é aquela ligada a literatura: temos, ainda em atividade, a mais antiga livraria do país e o terceiro jornal mais aintigo ainda em circulação no Brasil. O Monitor Campista é, sem dúvida, um dos maiores patrimônios culturais de Campos, ou talvez de toda a terra fluminense. É fonte fundamental de pesquisas na área das ciências humanas, para aqueles que pretendem uma análise atenta do cenário político do Norte Fluminense durante o Império, a passagem para o regime republicano e os tensos anos de 1920 até às vésperas do movimento de 1930.
Tradicionalmente esse jornal publicou o Diário Oficial do município, o que não necessariamente afetou sua qualidade jornalística, ao contrário de outros diários mais recentes que se comportam como panfletos partidários (não exatamente partidários, porque a política por aqui é a mais personalista possível e a ideologia partidária passa ao largo) pessimamente redigidos e editados.
No passado vários intelectuais enriqueceram as colunas deste jornal: jornalistas, juristas e políticos de outra estirpe intelectual. Da mesma forma que abriga hoje em seu staff os melhores jornalistas da cidade.
Porém outra tradição não tão louvável é o fenômeno do radialismo político na cidade, sobretudo a partir dos anos 1970/80. As rádios AM produziram, à partir deste período, ícones personalistas, verdadeiros ícones carismáticos que se apoderam da palavra e a usam em tom de verdade absoluta, de forma enfática e agressiva.
Essa palavra, de alcance bem maior que a mídia impressa, atingiu em cheio sobretudo as camadas mais populares, que constituíram a base de uma espécie de "neopopulismo" que se instalou em nossa cidade há vinte anos, e veio assumindo novas formas, novas "ideologias", acumulando cada vez mais capital (político e econômico), e alçando vôos cada vez mais audaciosos. Hoje, além do rádio (cada vez mais forte), dominam também a mídia impressa, e os veículos que mais circulam, apresentam traços gritantes de comprometimento político até a alma com tais grupos.
Eis então que o atual governo municipal decide retirar do velho Monitor o D.O., tentando de alguma forma sufocar o jornal, o que acho difícil. Será que o D.O. iria parar em outro diário mais conveniente aos seus interesses? Não sabemos. Mas é notório que a administração municipal que aí está conhece muito bem a força dos meios de comunicação, e os usam como ninguém.
De qualquer forma, acredito que a qualidade e a importância histórica deste jornal que, como já disse, é nosso maior patrimônio, garantirão a sua permanência como o veículo sério que sempre foi.
Vida longa aou Monitor Campista!
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