sábado, 21 de março de 2009

Mais tradições

Campos é uma cidade de tradições e contradições. Tradições louváveis e tradições do mais puro conservadorismo.
Uma das tradições louváveis é aquela ligada a literatura: temos, ainda em atividade, a mais antiga livraria do país e o terceiro jornal mais aintigo ainda em circulação no Brasil. O Monitor Campista é, sem dúvida, um dos maiores patrimônios culturais de Campos, ou talvez de toda a terra fluminense. É fonte fundamental de pesquisas na área das ciências humanas, para aqueles que pretendem uma análise atenta do cenário político do Norte Fluminense durante o Império, a passagem para o regime republicano e os tensos anos de 1920 até às vésperas do movimento de 1930.
Tradicionalmente esse jornal publicou o Diário Oficial do município, o que não necessariamente afetou sua qualidade jornalística, ao contrário de outros diários mais recentes que se comportam como panfletos partidários (não exatamente partidários, porque a política por aqui é a mais personalista possível e a ideologia partidária passa ao largo) pessimamente redigidos e editados.
No passado vários intelectuais enriqueceram as colunas deste jornal: jornalistas, juristas e políticos de outra estirpe intelectual. Da mesma forma que abriga hoje em seu staff os melhores jornalistas da cidade.
Porém outra tradição não tão louvável é o fenômeno do radialismo político na cidade, sobretudo a partir dos anos 1970/80. As rádios AM produziram, à partir deste período, ícones personalistas, verdadeiros ícones carismáticos que se apoderam da palavra e a usam em tom de verdade absoluta, de forma enfática e agressiva.
Essa palavra, de alcance bem maior que a mídia impressa, atingiu em cheio sobretudo as camadas mais populares, que constituíram a base de uma espécie de "neopopulismo" que se instalou em nossa cidade há vinte anos, e veio assumindo novas formas, novas "ideologias", acumulando cada vez mais capital (político e econômico), e alçando vôos cada vez mais audaciosos. Hoje, além do rádio (cada vez mais forte), dominam também a mídia impressa, e os veículos que mais circulam, apresentam traços gritantes de comprometimento político até a alma com tais grupos.
Eis então que o atual governo municipal decide retirar do velho Monitor o D.O., tentando de alguma forma sufocar o jornal, o que acho difícil. Será que o D.O. iria parar em outro diário mais conveniente aos seus interesses? Não sabemos. Mas é notório que a administração municipal que aí está conhece muito bem a força dos meios de comunicação, e os usam como ninguém.
De qualquer forma, acredito que a qualidade e a importância histórica deste jornal que, como já disse, é nosso maior patrimônio, garantirão a sua permanência como o veículo sério que sempre foi.
Vida longa aou Monitor Campista!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Tradição

Por volta das 13h de hoje, liceístas organizavam manifestação em frente a escola (exatamente onde se encontra a pequena carroagem na foto ao lado, do séc. XIX). Motivo? O uniforme. Nos anos 90 houve algo parecido. O governo do Estado decidiu padronizar os uniformes da rede estadual, independente das escolas. A uniformização do uniforme, por mais redundante que pareça, de certa forma contribuiu para a perda da identidade de algumas escolas, e para a rotulação do aluno, que deixava de ser desta ou daquela escola, e passaria a ser identificado como aluno da rede pública de ensino.
Na época os estudantes do Liceu tinham acabado de alcançar uma conquista: o uniforme branco com calça jeans para o 3º. ano do Ensino Médio, que tinha um quê de hierárquico, tudo bem, mas também o significado do fechamento de um ciclo, um sabor de despedida, e um estímulo para os demais, que permaneceram com seus cinzas tradicionais que, independente de serem bonitos ou não, eram defendidos com orgulho por seus alunos, pois afirmava a identidade da escola centenária.
Nos anos 90 nós vencemos, mantivemos o nosso uniforme, assim como o IEPAM e o Nilo Peçanha, muito por conta da articulação de seus grêmios estudantis.

Hoje, mais uma vez a questão retorna. Um novo uniforme foi imposto à toda a rede, e mais uma vez os estudantes protestaram. Estenderam os uniformes no chão, em frente à escola, e gritavam: "Liceu é tradição, não é humilhação". Eu passava pela frente da escola e inevitavelmente, como liceísta, me misturei aos estudantes. Muito válida a sua manifestação, sua luta pela manutenção da identidade.
Porém, esse discurso da tradição contra a humilhação me soou um tanto perigosa: qual o significado desta tradição? Se for a idéia de identidade, tudo bem; mas se for a manutenção de um caráter elitista de segregação, onde o Liceu não pode se comparar às outras escolas da rede, acho complicado.
Espero que a luta se estenda para as outras escolas, e que seja possível acabar com a uniformização do uniforme. Que este seja um símbolo de distinção e identidade para todas as escolas, e não um rótulo para a rede pública de ensino.

domingo, 15 de março de 2009

habitus academicus - utilíssimo!!!

Temos vários cursos de ciências humanas em Campos (UFF, UENF, CEFET, FAFIC...), alguns com décadas de existência e outros novíssimos como os que acabam de chegar pela UFF, em seu projeto de expansão. No momento, muitos estão produzindo pesquisas que não chegam ao conhecimento do público. O objetivo do Prof. Dr. Eugênio Soares (UFF) no blog habitus academicus é justamente reunir informações sobre esta produção acadêmica na área de Ciências Humanas em nossa região. Vale a pena conferir.

Presidente da ANPOCS na UENF

Na próxima quarta-feira, 18 de março, a Dra. Maria Alice Rezende de Carvalho, atual presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), estará no Centro de Convenções da UENF, às 9h, proferindo a aula inaugural de 2009 do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política e da graduação em Ciências Sociais da UENF. O tema será: "Os 20 Anos da Constituição Brasileira".
Uma ótima oportunidade para todos aqueles que se interessam pelas discussões acerca do pensamento social brasileiro.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Cumprindo o desafio

Recebi da Ana Paula um desafio, que ela, por sua vez, recebeu de um amigo. É mais ou menos assim:


No livro que tenho mesmo à mão (A Organização Nacional), Alberto Torres, na página 116, 5ª linha, a frase completa: "Demos terra a todos os homens válidos; instrução primária, a todos o que podem ver e ouvir; instrução secundária e superior, a todos os que são capazes, não a dando a nenhum que não o seja; educação social e profissional, também a todos; e não temamos o futuro. O brasil é um país destinado a ser o esboço da humanidade futura".
Frase oportuna e adequada, considerando-se ter sido escrita na década de 1910, a partir de um ponto de vista bastante conservador, mas que não deve ser de todo mal. Tivéssemos cumprido parte disso, teríamos de fato cumprido esse destino... Ou pelo menos mais próximos de cumprí-lo.

Desculpem não estar lendo nada mais belo e literário... são os ossos do ofício.

E o desafio segue para:

Jules Rimet

Rodrigo Manhães

Professora Hilda Helena

Gustavo Soffiati

Aucilene Freitas


Façam o mesmo! Peguem o livro que estiverem lendo, abram-no numa página qualquer e transcrevam o que estiver na quinta linha!!!