domingo, 5 de outubro de 2008

Triste destino

Faço parte de uma oposição veio se movimentando, com os mínimos instrumentos ao alcance, sobretudo a internet, desde abril de 2008 com o ato público "Chega de Palhaçada", em função de propor uma alternativa política para Campos dos Goytacazes, município dominado pelo exacerbado clientelismo instalado há vinte anos e que produziu duas figuras carismáticas que partiram para lados opostos à partir de 2000.
Desde então, Campos passa por uma situação complicada e desanimadora. Nosso movimento, que acabou sendo explorado como "A terceira via", chamava a atenção para a necessidade de um novo caminho ente as possibilidades que se apresentavam: Arnaldo Vianna, pelo PDT (candidato do atual governo que é investigado pela polícia federal por denúncias de contratações irregulares, obras superfaturadas, improbidade administrativa, com secretários detidos e respondendo a processo) e a ex-governadora fluminense Rosinha Garotinho, esposa de Anthony Garotinho, que teria inaugurado essas práticas políticas a que me referi no parágrafo anterior, no final dos anos oitenta. Alguns membros do movimento, inclusive eu, manifestavam simpatia pela candidatura do professor Roberto Moraes, pelo PT, assim como outros manifestavam (ou não), interesse em outras candidaturas, desde que fossem idependentes do atual cenário político.
O Partido dos Trabalhadores decidiu não lançar candidatura própria e apoiar o candidato do PDT. A partir de então o movimento se enfraqueceu, e a situação foi se complicando cada vez mais. Foi crescendo na cidade uma campanha pelo voto nulo assim também como a campanha da professora Odete, do PCdoB, terceira colocada nas eleições.
Até agora o resultado segue indefinido, embora tudo indique a vitória de Rosinha no primeiro turno.
Se tivéssemos um segundo turno entre Rosinha e Arnaldo, teríamos a seguinte situação: Tanto com um quanto com outro teríamos a mesma situação política, o mesmo conjunto de práticas, embora para muitos insatisfeitos, a corrupção seja mais evidente com a vitória de Arnaldo. Com a vitória de Rosinha, talvez tenhamos aí mais algumas décadas da família Garotinho no poder, que por sua "habilidade política", seria um adversário mais difícil para essa nossa oposição derrotar; também o seu apelo popular fortaleceria ainda mais as raízes das práticas clientelistas e da adoração apaixonada a um líder político, com um forte apelo religioso, inclusive. Por outro lado, a vitória de Arnaldo Vianna, um adversário que poderíamos até enfrentar com mais "facilidade", traz outra dificuldade, que é a de formar uma oposição, já que sua rejeição é bem menor do que a existente à família Garotinho.
Ou seja: um representa uma força difícil de enfrentar, o outro, embora mais fraco, fragmenta mais a oposição. Triste destino o dos campistas. Continuaremos cada vez mais indignados com a pobreza daqueles que seguram placas nas esquinas, espalham santinhos, pisam na lama com seus pés descalços aguardando o pagamento pelo seu "trabalho" nas eleições.

2 comentários:

Vitor Menezes disse...

Bacana, véio. Essa é a nossa realidade. Mas vamo que vamo! Pior do que está é difícil ficar! Abração!

Maycon Bezerra disse...

Excelente análise Rodrigo, concordo com sua caracterização do quadro local, só acho que é necessário superar o ultra-pragmatismo do reformismo sem reformas do PT e do PC do B que, em função de suas opções político-estratégicas no plano macro, acabam por sucumbir ao oportunismo no plano micro. É preciso construir uma nova esquerda como tarefa nacional e local. Uma esquerda autêntica capaz de levantar bem alto a bandeira das reivindicações mais progressistas da sociedade. Um abraço e parabéns pelo blog.